01/12/2010
Nova barreira para o calor
Juliana Marques
Imagine estudar ou trabalhar em uma escola cuja a temperatura nas salas de aula pode alcançar 47°C, em pleno verão no Rio de Janeiro. Apesar do calor, professores e alunos da Escola Municipal Presidente Costa e Silva, localizada no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, se mobilizaram para encontrar uma maneira simples e barata de deixarem o ambiente escolar mais agradável.
Foi quando o professor de biologia e pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), Mauro Benetti, percebeu que a solução estava indo para a lata do lixo: “Poderíamos facilmente reaproveitar o alumínio de caixas de leite longa-vida, e criar um grande painel para refletir parte do calor que irradia nas telhas”. E foi exatamente isso que fizeram. A ideia deu tão certo que o projeto mobilizou professores e alunos de toda a escola sobre diversos assuntos ambientais, e redeu a Benetti um belo tema para sua dissertação de mestrado.
Após a colagem, alunos realizam a pintura do painel com a ajuda da professora de artes.
(Crédito: Mauro Benetti)
Educação ambiental e conscientização
Enquanto os alunos realizavam a campanha de coleta das embalagens, professores elaboraram diversas atividades e oficinas para envolver toda a escola e tornar o projeto interdisciplinar. Benetti aplicou questionários aos alunos a respeito de seus pontos de vista sobre o ambiente em que vivem e estudam; a professora de matemática ajudou no cálculo da área do teto da sala de aula e da quantidade de caixas necessárias para a cobertura. Um grupo de alunos ficou responsável pelo registro das temperaturas, antes de depois do painel de longa-vida.
Além disso, professores de português trabalharam com diversos temas e debates em sala de aula, e divulgaram a campanha no jornal da escola. Já a professora de artes auxiliou na pintura das caixas. Depois da colagem das embalagens, os alunos escolheram pintá-las de azul e branco, formando um céu cheio de nuvens no teto da sala de aula.
Estudantes colam o painel do teto da sala de aula. A sala ganhou ainda nova pintura e ventiladores. (Crédito: Mauro Benetti)
Segundo Benetti, ao todo 103 alunos, do 6º, 7º e 9º anos participaram do trabalho, e todos ficaram satisfeitos com o espaço escolar renovado. Após a instalação do painel, eles registraram a redução de até 8°C em horários de pico. “Pode até parecer pouco, mas para nós foi uma redução e tanto”, contou o professor.
O antes e depois do trabalho: Segundo Benetti, alunos se tornaram mais
conscientes em relação ao meio ambiente e à própria formação. (Crédito: Mauro Benetti)
Benetti afirmou ainda que o resultado do trabalho foi além da redução da temperatura. A escola ganhou uma nova pintura, e os alunos perceberam que podem ser agentes modificadores do lugar em que vivem: “Eles tiveram a chance de participar de todas as etapas do trabalho e passaram a relacionar o meio ambiente com a qualidade de vida, e não apenas com a natureza. Agora, passam a zelar muito mais pelo espaço que eles próprios construíram”, afirmou. A meta agora é ampliar o projeto para toda a escola, e buscar novas maneiras de reutilizar materiais como garrafas PETs, papéis e metais.
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